Postagens

Mostrando postagens de fevereiro, 2015
Quando voltou da cozinha com uma xícara de chá de camomila na mão, ela viu que uma nova mensagem havia pulado na tela do seu computador, 03:15 da manhã. "E aí, como você está?" Colocou a xícara na mesa, sentou na cadeira sobre suas pernas dobradas, respirou fundo e digitou: "Bem." As três letras foram friamente calculadas por 13 semanas, desde que ele havia a deixado. 03:17 - outra mensagem apareceu. "Não vai perguntar como eu estou?" Seus lábios se curavam unidos, a guisa de um sorriso de escárnio. "Acho que você está me confundindo com alguém que se importa." Visualizada 03:19. Do outro lado da tela, 03:20, ele jogou o copo de whisky na parede.
Imagem
Ilha: pedaço de terra cercado de amor por todos os lados. Ainda me lembro de quando cheguei a Florianópolis e caminhava pelo centro parando pra perguntar "onde fica o mar?". Agora estou aqui há tempo suficiente pra saber que é só seguir toda vida reto. Naquela época, eu ficava na beiramar beiramarando, perguntando todos os dias como diabos eu tinha ido parar sozinha ali, sem conseguir superar Curitiba e suas curitibanices. A mobília do meu apartamento consistia em uma cadeira de praia e uma mesa de computador. Não conhecia ninguém e ninguém me conhecia, nem mesmo um amigo em algum bar que me deixasse entrar sendo menor de idade. Eu era uma criança até na identidade. Encaixotando as coisas pra ir embora, vejo que elas não entram mais no mesmíssimo carro que sobreviveu às minhas três mudanças até então. Eu, que também era mais vazia quando cheguei, agora levo muitas boas lembranças e eu só queria agradecer e abraçar cada um que fez parte disso, mas não vou, porque sou covarde...

Gradually, then suddenly

Comecei cheirando àquele perfume Carolina Herrera 212. Na manhã seguinte, era uma mistura de suor, cerveja, cigarro e incenso. Tinha o cheiro dele também. "Eu sempre quis conversar contigo, mas nunca tive coragem", e assim seguiu o diálogo que, acima de tudo, me lembrava de todas as coisas que eu sempre quis fazer, mas nunca tive coragem. A primeira delas era uma tatuagem de borboleta, agora já meio apagada por três sessões de remoção a laser, que doíam cada vez mais na pele e no bolso. Aos 14 anos, achei que um desenho como esse, sem significado, seria apenas decorativo. Se ficasse bonito, não teria motivos para me arrepender. Mas a execução ficou uma bosta também. E então, um dia acordei incomodada com a minha própria indiferença conceitual na escolha do desenho. Antes de recorrer às sessões de tortura, tentei atribuir um significado. Transformação. A lagarta detestável que se fechou em um casulo e um dia saiu de lá borboleta. (Eu me identificava bastante com o Chucrute,...